Japeri, no final da tarde, voltando daquele jeito. Empurra-empurra, gente brigando, uma gritaria dentro do vagão. Tento correr para pegar um lugar, mas minha época de ouro, já foi! O máximo que eu consigo é ficar na porta, do lado direito. Os bancos lotados, aquele espertinho que acha que dá para “dar uma espremidinha” e se senta no banco para quatro pessoas! Mas ele acha que dá para cinco! Enfim, segue o baile.
Ao meu lado, um moço, que só de olhar para a cara dele, já dava vontade de rir! “Ele deve ser muito engraçado”, eu pensava. Mas, até aí, tudo normal. Conversa vai e conversa vem (esse moço estava com outras pessoas), falavam sobre futebol, sobre a Dilma, Temer, entre outros assuntos. Eu já tinha reparado que esse moço gostava de fazer umas brincadeiras com a dentadura dele. Sabe aquela brincadeira de ficar mostrando a dentadura e escondendo? Pois bem. Numa dessa, o moço mostrou a dentadura e, numa gargalhada descontrolada, a chapa escapuliu e caiu no colo de um senhor que estava sentado no banco, na frente dele! SOCORRO, EU NUNCA RI TANTO NA MINHA VIDA!!!
O senhor ficou uma arara, mas cadê coragem para segurar na dentadura – toda babada – e devolver para o dono? O moço presepeiro gargalhava junto, sem dente, com seus amigos, e com 99% do vagão! A solução foi o moço engraçado pedir desculpas e pegar a dentadura que estava caída na perna do senhor. E vocês acham que ele embrulhou, para lavar quando chegasse em casa? Não, não! Ele colocou de volta na boca e disse: “Quando passar um vendedor, vou comprar uma cerveja pra matar os germes!”. Hahahahaha! Ainda disse que o senhor era cheio de germe! Esse senhor não conseguia achar graça nenhuma, ficou encarando o moço por um bom tempo ainda.
A estação de Ricardo chegou e eu desci, mas, nesse dia, eu gostaria que a viagem tivesse demorado mais um pouquinho! Certamente, muita coisa aconteceu até Japeri! Um viva para as dentaduras!